
Diferentemente de Piaget, cujo foco principal de pesquisa não era a aprendizagem que ocorria na sala de aula, Ausubel concentra-se principalmente nesta questão, de modo que dos seus trabalhos percebe-se uma proposta concreta para o cotidiano acadêmico. Como Piaget, Ausubel acredita no valor da aprendizagem por descoberta, mas volta a valorizar a aula do tipo expositiva, que será o grande foco da sua pesquisa.
Neste sentido, o maior legado deixado por Ausubel é justamente o de técnicas e reflexões acerca da aula do tipo “tradicional”, e do tipo de enfoque, cuidado e trabalho ideais que um professor deveria ter neste contexto, no sentido de propiciar o melhor aprendizado possível para seus alunos.
Nas seções seguintes explicitaremos alguns dos aspectos mais relevantes da teoria ausubeliana que se adequam aos propósitos deste trabalho. Para tal, iniciaremos com a apresentação do modelo cognitivo e de aprendizagem propostos por Ausubel, seguindo-se de explicações acerca dos principais componentes internos (ao indivíduo) e externos da aprendizagem. Após isso, trataremos das suas propostas com relação à facilitação da aprendizagem no que concerne à preparação dos diversos materiais envolvidos na atividade acadêmica e a técnicas envolvidas na condução das aulas (expositivas).
A aprendizagem significativa é o processo pelo qual a nova informação é relacionada com um aspecto relevante da estrutura do indivíduo, a qual fica progressivamente mais hierarquizada, refinada e complexa.
Ausubel propõe dois princípios, a ter em conta no decorrer de uma aula planificada à luz das teoria da aprendizagem significativa: diferenciação progressiva e reconciliação integradora.
Diferenciação Progressiva
Para Ausubel, as ideias e os conceitos devem ser preferencialmente trabalhados numa ordem crescente de especificidade, dos mais gerais, para os mais específicos. Isso ele justifica através de dois motivos:
1. É mais fácil para o ser humano compreender os aspectos diferenciados de um todo [mais inclusivo] previamente aprendido, (...) do que formular o todo mais inclusivo a partir das suas partes diferenciadas previamente aprendidas (Ausubel apud Faria, 1989, p 28). Ou seja, generalizar a partir de conceitos mais específicos é mais difícil do que aprender conceitos particulares a partir de um mais geral.
2. Este tipo de hierarquia é a que acontece na mente de cada pessoa: as ideias mais gerais/ inclusivas ocupam o topo da estrutura cognitiva, e têm subordinadas a si ideias progressivamente mais específicas/ menos inclusivas.
Reconciliação Integradora:
Novak (apud Moreira & Masini, 1982, pp 24-25) argumenta que, para se atingir a reconciliação integradora de forma mais eficaz, deve-se organizar o ensino “descendo e subindo” nas estruturas conceituais hierárquicas, à medida que a nova informação é apresentada. Isto é, começa-se com os conceitos mais gerais, mas é preciso ilustrar logo de que modo os conceitos subordinados estão a eles relacionados e então voltar, através de exemplos, a novos significados para os conceitos de ordem mais alta na hierarquia. Como exemplo, podemos dar o exemplo da aprendizagem de três tipos de triângulos. Neste caso, a partir da definição de ser o triângulo uma figura com três lados, pode-se definir aquele que tem os três lados iguais (equilátero). Daí, apresenta-se um que tem apenas um lado diferente e que, portanto, não é equilátero, mas é um triângulo, o isósceles. Por fim, apresenta-se o triângulo que não tem nenhum lado igual ao outro, e que, portanto, apesar de ser um triângulo, não é o isósceles nem o equilátero, mas o escaleno.
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